Artigo: O uso da inteligência artificial em design

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Por: Jefferson Jeanmonod de Azevedo Santana*

Você já deve ter ouvido falar sobre inteligência artificial, talvez até tenha conhecido o conceito através de filmes como “Exterminador do Futuro”, “Matrix” e até mesmo “Eu, robô”. Mas, afinal, o que é realmente a Inteligência Artificial?

Atualmente, a Inteligência Artificial (IA) é uma área da ciência da computação que desenvolve sistemas e algoritmos capazes de simular a inteligência humana. Ela possibilita que máquinas realizem tarefas que normalmente requerem inteligência humana, como aprender, raciocinar, perceber e tomar decisões. Contudo, a ideia de Inteligência Artificial (IA) surgiu antes de tornar-se uma realidade tecnológica. Os estudos nessa direção começaram durante a Segunda Guerra Mundial, com Warren McCulloch e Walter Pitts apresentando, em 1943, o conceito de redes neurais e estruturas de raciocínio artificial.

O conceito e as ferramentas que podemos atribuir como um tipo de inteligência artificial só crescem, além do famoso Chat GPT. Muitos outros modelos são lançados e/ou atualizados quase que diariamente. A maior parte dessas soluções são chamadas de Inteligências Artificiais Generativas. Já as utilizei e testei para diversos segmentos e propósitos.

Existem ferramentas para edição de áudio, vídeo, criação e geração de textos, imagens e até mesmo design gráfico e de interiores.

Sou designer gráfico e recentemente um cliente me solicitou especificamente que usasse inteligência artificial para ilustrar um relatório de pesquisa. Esse cliente é o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – uma instituição brasileira de pesquisa e assessoria técnica, voltada para estudos e análises sobre a economia, o mercado de trabalho e questões sociais. Fundado em 1955, o DIEESE é mantido pelos sindicatos dos trabalhadores e atua de forma independente, sem fins lucrativos.

No desenvolvimento desse projeto, utilizei a ferramenta Midjorney, uma poderosa plataforma de inteligência artificial capaz de gerar imagens de alta qualidade a partir de descrições textuais.

Ao utilizar um prompt minuciosamente detalhado, definindo equipamentos e técnicas, consegui alcançar resultados impressionantes na produção das imagens com o auxílio da Inteligência Artificial. Muitas pessoas tiveram dificuldades em distinguir essas criações como resultado do trabalho conjunto, entre eu e o Midjourney.

Ao mostrar as imagens para alguns amigos, surgiram questionamentos frequentes sobre a autoria, se era eu ou a própria inteligência artificial. Essa dúvida não se restringe apenas ao círculo de amizades; o mundo acadêmico e jurídico também levanta questões nesse sentido.

Recentemente, participei do colóquio RETiiNA International, promovido pela Universidade Anhembi Morumbi, que teve como tema “Existência e Digital”. A palestra da renomada Professora Doutora Lucia Santaella sobre “A IA Generativa de imagens em três Atos” foi esclarecedora a respeito do tema da autoria.

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Para dominar a técnica de geração de imagens por meio da Inteligência Artificial, é necessário compreender como os prompts podem ser criados e utilizados. No entanto, esse conhecimento por si só não é suficiente para obter resultados excelentes.

Para alcançar bons resultados, é fundamental que o profissional possua conhecimento em lógica de computação, técnicas de produção de imagens (sejam fotográficas, desenhos, ilustrações, pinturas, teoria das cores, entre outras) e, principalmente, seja capaz de descrever detalhadamente o que deseja obter e como a imagem deve ser criada. Além disso, é recomendável especificar o movimento e/ou estilo artístico a ser utilizado na composição.

Nesse contexto, Santaella afirmou, no colóquio, que o autor é aquele que cria o prompt para a Inteligência Artificial gerar o resultado, da mesma forma como utilizamos um computador ou software para desenvolver um Design Gráfico de uma campanha. A Inteligência Artificial é empregada como uma ferramenta que auxilia o artista na criação da imagem.

As questões relacionadas à autoria da imagem utilizada no relatório para o DIEESE não foram levantadas pela instituição, pois o foco principal é obter o melhor resultado para o design da pesquisa que será apresentada ao público. Do mesmo modo, cada vez mais as empresas solicitarão que seus funcionários, parceiros e talentos utilizem as inteligências artificiais para produzir resultados mais eficientes em menos tempo.

Nesse contexto, os profissionais precisarão estar preparados para utilizar essas novas ferramentas e proporcionar resultados aprimorados para suas empresas. É importante destacar que, embora essas novas tecnologias sejam impressionantes, elas não têm a capacidade de agir por si só, dependem da orientação e habilidades dos humanos bem formados e preparados.

Uma forma eficaz de se preparar para essa nova realidade é por meio de estudos, busca por informações e aprimoramento de habilidades. Instituições como a Fatec, Etec, SEBRAE etc. são excelentes opções para atualização nesse contexto em constante evolução. Ao adquirir conhecimentos e se capacitar, os profissionais estarão aptos a aproveitar ao máximo o potencial das inteligências artificiais e outras tecnologias emergentes, impulsionando assim o sucesso de suas atividades profissionais.

*Jefferson Jeanmonod de Azevedo Santana é Mestre em Comunicação e Inovação. Docente no Centro Paula Souza. Fundador da X4CI e EducaHUB. Possui mais de 20 anos de experiência em design, marketing, educação e transformação digital.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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